51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

COMO DESENVOLVER MULTIPLICADORES PARA A GEODIVERSIDADE: EXEMPLO DO PROGRAMA GEOCONSERVAR – RIO GRANDE DO NORTE

Texto do resumo

Uma das maiores ameaças à geodiversidade, entre as diversas apontadas por autores como Murray Gray, é o desconhecimento do assunto e da temática, algo mitigado intensamente pelos pesquisadores da biodiversidade, hoje difundida entre diferentes entes da sociedade. Assim, a prevenção à esta ameaça passa pelos processos da educação, no qual a presença e participação dos professores é essencial. A articulação para qualquer ação que vise a divulgação da geodiversidade, no entanto, não é fácil e demanda, por menor que seja, recursos financeiros. No estado do Rio Grande do Norte, observa-se nos recentes anos uma intensa ampliação dos projetos de complexo eólico, que por mais que sejam rotulados como “sustentáveis” e “renováveis” têm impactos ambientais de relevância sobre a geodiversidade, assim como a maioria das atividades humanas. As empresas, contudo, têm a obrigatoriedade de realizar compensações ambientais, que podem ser ferramentas facilitadoras para o apoio a ações de educação para a geodiversidade em diferentes regiões do Brasil com projetos semelhantes. Este trabalho tem o objetivo de apresentar as estratégias utilizadas com o projeto “GeoConservar”, executado na área abrangida pelo Complexo Eólico Umari, nos municípios potiguares de Lagoa D’Anta, Monte das Gameleiras, São José do Campestre e Serra de São Bento. O projeto foi realizado por meio de atividades de campo e curso teórico-prático dividido em três módulos, com professores de ensino fundamental e médio como público-alvo, no qual os profissionais inscritos obtiveram informações sobre a natureza abiótica, conceitos envolvendo a geodiversidade e interpretação do meio físico que está presente no cotidiano dos professores e dos seus alunos. Paralelamente, foram produzidas e distribuídas cartilhas didáticas destinadas a três públicos distintos, alunos do: (a) 1º ao 4º ano do ensino fundamental; (b) 5º ao 9º ano do ensino fundamental; e (c) 1ª a 3ª série do ensino médio. Cada cartilha aborda conceitos e conteúdos distintos sobre geodiversidade, geopatrimônio, geoconservação, geoturismo e geoparques, apresentando estratégias lúdicas para a interpretação da geodiversidade local. Como resultado, obteve-se a participação, ao longo dos três módulos, de cerca de 400 professores nos quatro municípios. Ao final, observou-se que duas estratégias adotadas foram importantes para a boa execução do projeto e para o engajamento do público-alvo: (1) a adaptação dos conteúdos à realidade local e (2) o material didático impresso. No primeiro caso, quando são demonstradas realidades convividas pelos ouvintes, que já se questionavam sobre as paisagens locais, por exemplo, percebe-se que a concentração e o interesse são ampliados, ao passo que a materialidade física do (2) se torna um forte atrativo em realidades com carência de inclusão digital escolar – sendo uma excelente forma de uma primeira apresentação da geodiversidade local para os multiplicadores, como é o caso dos municípios envolvidos. Em regiões do Brasil que tenham grandes projetos econômicos com impactos ambientais que demandem compensações, o diálogo com os empreendedores pode ser o pontapé inicial para a implementação de ações de educação voltadas à geodiversidade, gerando multiplicadores em prol da conservação da natureza abiótica no país.

Palavras Chave

Educação; Geodiversidade; complexo eólico; umari.

Área

TEMA 01 - Geociências para a sociedade e Geoética

Autores/Proponentes

Matheus Lisboa Nobre da Silva, Marcos Antonio Leite do Nascimento, Silas Samuel dos Santos Costa