51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Caracterização do vulcanismo félsico da Formação Chapada Grande, Paleoplaca Bom Jesus da Lapa, Cráton São Francisco, Bahia

Texto do resumo

O embasamento do Cráton do São Francisco é produto da amalgação de diferentes terrenos entre o Sideriano e o Orosiriano. Sua porção noroeste está inserida no Orógeno Minas-Bahia e compreende diversas paleoplacas, dentre elas, a Gavião e a recém-definida Bom Jesus da Lapa (PBJ). A área de pesquisa está contida na PBJ, onde as rochas arqueanas dos complexos Favelândia e Lagoa do Pequeno são intrudidas por plutonismo riaciano/orosiriano da Suíte Guanambi. Em meio a essas unidades ocorrem rochas metavulcanossedimentares, de provável idade arqueana, do Complexo Riacho de Santana (CRS), tradicionalmente dividido nas unidades inferior, intermediária e superior. A partir de dados de campo e de furos de sondagem, foram realizados estudos petrográficos, litogeoquímicos, geocronológicos, isotópicos e de correlação estratigráfica que permitiram uma reavaliação do empilhamento estratigráfico do CRS. Nesta nova proposta, o CRS é limitado às rochas metassedimentares e máfico-ultramáficas até então denominada de unidade inferior. Propõe-se o desmembramento das unidades intermediária e superior nas Formações Boqueirão de Baixo (FBB) e Chapada Grande (FCG), respectivamente. Estas formações foram subdivididas em seis litofácies, das quais duas compreendem o vulcanismo félsico da FCG. De acordo com a petrografia, esse vulcanismo é representado por metadacito, além de metaquartzo-traquito, metaquartzo-álcali feldspato traquito e metaquartzo-latito. Apenas as rochas traquíticas e latíticas possuem dados litogeoquímicos, com SiO2=56,7–65,1%, MgO=2,4–6,26%, #mg=0,30–0,48 e CaO=2,65–4,88%. As amostras plotam em dois grupos no diagrama TAS, um no campo dos dacitos subalcalinos e outro nos traquiandesitos alcalinos. Ambos os grupos são classificados como potássicos, metaluminosos a peraluminosos e magnesianos. As rochas ácidas são cálcio-alcálicas, enquanto que as intermediárias são alcálicas. O conjunto de rochas analisadas possui ΣETR=556,15–631,43 ppm, com forte enriquecimento em ETRL em relação aos ETRP e pronunciada anomalia negativa de európio (Eu/Eu*=0,73–0,78). Apresentam forte anomalia negativa de Ta, Nb e Ti e pouco pronunciada de Rb e Sr. A análise petrogenética sugere que o processo de evolução do magma progenitor se deu essencialmente por cristalização fracionada, controlada principalmente por biotita, sendo moderadamente evoluídas, com pouca participação de assimilação crustal. Os magmas das rochas subalcalinas possuem contribuições de rochas metassedimentares, enquanto que as alcalinas possuem contribuições de rochas metassedimentares e máficas de alto potássio, ambas tendo sido geradas em fontes mais rasas que o campo de estabilidade da granada. As rochas alcalinas possuem características similares a sanukitoides. O metadacito tem idade ca. 2.1 Ga (LA-ICPMS, zircão), com apenas um grão de zircão concordante com dados Lu-Hf apresentando ƐHf(t) negativo e idade modelo paleoarqueana, enquanto que metaquartzo-latito possui idade ca. 2.07 Ga (SHRIMP, zircão), com dezoito grãos concordantes que apresentam ƐHf(t) também negativo e TDM(t) paleo e mesoarqueano. Diagramas geotectônicos sugerem assinaturas compatíveis com ambiente de arcos continentais com rochas metassedimentares e máficas de alto potássio como principais fontes. O trabalho sugere a atuação de processos de acreção crustal durante o riaciano na região, o que permite inferir que a área apresenta uma diversidade de terrenos maior do que aparentam os mapas geológicos de superfície.

Palavras Chave

Riacho de Santana; Litogeoquímica; geocronologia

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Michel Macedo Meira, Simone Cerqueira Pereira Cruz