51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

BURACO DO INFERNO: REGISTRO DE CAVERNA EM GRANITO NO CENTRO URBANO DE RESENDE COSTA-MG

Texto do resumo

As cavernas são formações geológicas subterrâneas, normalmente formadas pela ação intempérica de processos erosivos físicos, químicos e bioquímicos sobre rochas. O termo carste foi inicialmente utilizado para definir cavernas formadas em rochas calcárias, mas existem também cavidades originadas em arenitos, quartzitos, granitos, basaltos, formações ferríferas, entre outras. Com o avanço das descobertas espeleológicas, expandiram-se as pesquisas para além das rochas carbonáticas, (CRUZ & PILÓ, 2019). Dentre elas, há cavernas inseridas em rochas cristalinas, como granitos, gnaisses e granitoides, cujos registros brasileiros somam cerca de 626 ocorrências ou 2,53% do total (CECAV - CANIE, 2023). O objetivo foi mapear e topografar a caverna cercada de lendas locais, popularmente denominada Buraco do Inferno, inserida em granito, adjacente ao centro urbano da cidade de Resende Costa-MG, destacando os aspectos morfológicos e dimensionais. Avaliar seus atributos espeleológicos e compreender seu processo evolutivo. Executou-se a topografia pelo método convencional da descontinuidade, sendo digitalizada e calculada sua espeleometria na classe de detalhe BCRA-4C. Realizaram-se medições estruturais, registros fotográficos e interpretações que contribuíram para formulação teórica de sua gênese e evolução. Marcada por intensos diaclasamentos verticais e sub-verticais semiparalelos na borda sul de granito, sob forma de “pão-de-açúcar”, a caverna se desenvolve pelos azimutes 30º (NNE) principalmente; e 340º (NNW) secundariamente. As fraturas e veios de quartzo principais acompanham em geral esses azimutes, mergulhando para SW e SE. Potencialmente, esses processos foram induzidos por alívio de pressão e termoclastia, acirrados a partir de eventos neotectônicos epirogenéticos do Plioceno, apontados na região (SAADI & VALADÃO, 1990). Há um gradiente intempérico, em decorrência principal de águas percolativas, conforme aproximação do maciço granito, composto por frentes de corrosão da rocha, plaquetas silicificadas estriadas e coraloides mili a centimétricos, além de lascas rochosas resultantes de esfoliação esferoidal. Em segundo nível, há influência dispersa em função de depósitos de guano. A espeleometria obtida atingiu os valores: (i) desenvolvimento linear= 46,08m; (ii) área= 59,40m2; (iii) desnível= 9,58m; (iv) volume= 1.283,04m3; (v) altura entrada principal= 6,87m. Por fim, o conjunto dos métodos permitiu um registro espeleológico inédito na região e de indícios relacionados aos eventos neo-cenozoicos de evolução do relevo. Além disso, contribuiu para a expansão do conhecimento de ocorrências de cavernas em granito.

Palavras Chave

Caverna; Granito; Topografia; Evolução; Registro

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Ana Clara Ferreira Ribeiro, Paulo Guerino Garcia Rossi, Lucas Henrique Souza Vital, Karen Vitoria Andrade, Leonardo Cristian Rocha