51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA ILHA REI GEORGE (ANTÁRTICA) COM APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE POSIÇÃO TOPOGRÁFICA

Texto do resumo

Com a crescente preocupação acerca das mudanças climáticas, principalmente associadas aos ambientes polares, a caracterização e classificação de feições geomorfológicas glaciais se torna fundamental para compreender a evolução e distribuição dos ambientes de deglaciação. Nesse contexto, os parâmetros geomorfométricos são amplamente utilizados para auxiliar na compreensão da heterogeneidade espacial de feições geomorfológicas glaciais. Como alternativa viável, utiliza-se Modelos Digitais de Elevação (MDEs) de alta resolução espacial para investigar o complexo sistema glacial, onde a partir de atributos topográficos extraídos do DEM, pode-se predizer a ocorrência de classes de feições geomorfológicas. Esta pesquisa buscou compartimentar a analisar os registros geomorfológicos glaciais na Ilha Rei George, localizada no arquipélago das Ilhas Shetlands do Sul (61–62ºS), na região noroeste da Península Antártica. Foi utilizado o MDE da Antártica (REMA, versão 2), com resolução espacial de 10 metros, derivado de dados da constelação de satélites Maxar. A partir do MDE foram calculadas duas variáveis geomorfométricas: o Índice de Posição Topográfica (IPT) e a declividade. Operacionalmente os processamentos foram realizados pelo software QGIS 2.28. O IPT é calculado pela subtração entre o valor de altimetria de cada pixel em relação à média do entorno (vizinhança), cujos valores positivos indicam uma posição relativa mais elevada, valores negativos representam posições rebaixadas e valores próximos a zero condizem às áreas planas ou vertentes com declive constante. Foram aplicados dois IPTs com raios distintos para fins de mapeamento: i) IPT com raio de 1 km no cálculo da média da elevação para representar a morfografia (formas de relevo), discretizado com base nos valores de desvio padrão; ii) IPT com raio de 5 km para representar os padrões morfogenéticos, classificado em valores positivos (erosão/denudação) e negativos (agradação). O relevo foi classificado em 12 classes morfográficas, cada uma subdividida em padrões morfogenéticos de denudação ou agradação. Nesse contexto, feições glaciais podem estar associadas as diferentes classes de relevo: Cristas e Topos (horns, arêtes, morainas, plataformas marinhas), Vertentes Superiores (arêtes, morainas), Vertentes Intermediárias (arêtes, morainas, encostas, vales em circo), Áreas Planas (planícies glaciofluviais), Vertentes Inferiores e Vales (Vales em circo e U, praias elevadas). A Ilha Rei George possui diversidade de vales e feições glaciais associadas ao ambiente costeiro, no entanto, nas porções internas da ilha observou-se a predominância de feições elevadas e planas. A compartimentação geomorfológica viabilizou analisar os cenários prognósticos de degelo, visto que as vertentes inferiores, os vales e as áreas agradacionais concentram os fluxos hidroglaciais. As áreas denudacionais expostas pelo degelo alteram sobremaneira a morfodinâmica local, com o incremento no aporte sedimentar. O método se mostrou eficaz em mesoescala, porém para maior precisão sugere-se comparar os resultados com MDEs mais precisos, possibilitando uma reclassificação detalhada dos resultados. Outros métodos de classificação podem ser explorados e integrados para complementação. Destaca-se a importância da continuidade nas pesquisas para avaliar e analisar relações entre os parâmetros topográficos e a configuração morfológica e morfogenética das feições glaciais.

Palavras Chave

Modelo Digital de Elevação; Geomorfologia glacial; Geomorfometria; Morfogênese.

Área

TEMA 16 - Geoquantificação e Geotecnologias

Autores/Proponentes

Nicolas dos Santos Rosa, Ricardo Michael Pinheiro Silveira, Gabriel Luis Collares de Alcântara Silva